Eu vendo o tempo arrastando toda a minha mocidade
Por uma estrada deixando só poeira de saudade
Onde meu olhar encontra mesmo nessa tempestade
Eternizados no peito, trechos de felicidade
Isso pra mim não tem preço, momentos que não esqueço
Que fui feliz de verdade

Uma coisa assim bem simples entre tantos os meus costumes
Sempre esperando a noite pra brincar com vagalumes
Passeando nos meus olhos eu posso ver em vislumbre
Um pé de dama-da-noite espalhando seu perfume
Sei que o futuro me chama, mas meu passado reclama
Parece sentir ciúmes

Eu colhendo milho verde e ajudando a mãe fazer
Bolo, curral e pamonha
Impossível de esquecer
Junto com meu vira latas pela palhada a correr
Atrás de um teiú danado que a ninhada quis comer
Vida feliz com saúde, foi assim enquanto pude
Por ali permanecer

Hoje a minha memória virou grande esconderijo
Das lembranças mais felizes que ainda estão comigo
Assim eu tento mantê-las para não correr perigo
De perdê-las para o tempo, arrastadas deste abrigo
Lembranças ficando aqui vão me fazendo sentir
Que ainda estou vivo