Chamei as saudades que já senti, fui abrindo a porta e reuni
Todas no meu peito
Cada uma trouxe parte de mim, umas do início, outras do fim
De um modo perfeito
Lembrei-me de todas quando as vi, cada dor ou riso que já vivi
Cada ato feito
Retalhos do tempo formando assim, a minha história que está aqui
Guardada com jeito

Primeira saudade de pés no chão me mostrou brincando no ribeirão
Com o meu passado
A minha infância, doce visão, o pranto molhou o meu coração
Agora cansado
Segunda saudade chegou então, mostrou minha força pelo sertão
Num sonho encantado
Assim como o sol finda a escuridão, vi a juventude em um clarão
Acesa ao meu lado

Em cada saudade pude entender que é impossível de esquecer
O que na alma mora
O olhar do tempo veio trazer, o grande desejo de reviver
A vida de outrora
Só uma saudade eu não quis ver, mesmo assim chegou sem eu perceber
Já fora de hora
Lembrou-me a cabocla, meu bem querer, alguém que um dia me fez sofrer
Quando foi embora!